quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

SOLSTÍCIO DE DEZEMBRO


O mundo jamais é parecido consigo próprio
tão inesperada é a noite,
mesmo quando em sua rotação se repete,
efectiva e extingue,
no corpo e cinzas de uma criança,

*
não vos espanteis por isso senhores,
dezembro é um solstício que nos sobrevive
e nada mais se anseia
do que abraçar todo o tempo do tempo
para seguir uma estrela viva,
um frágil e divino coração de criança
em homens aturdidos pelo afago da entrega,
guardai pois um Natal,
nada mais se reterá no cheiro do orvalho
que aconchegamos dentro de nós,

(...)

de Solstício de Dezembro, poema de João Rasteiro
Foto Bárcia, Matosinhos, Janeiro de 1971

1 comentário:

João Rasteiro disse...

https://www.youtube.com/watch?v=O21YEil2W-o