terça-feira, 2 de junho de 2009

F DE FALSO


No último domingo, a Notícias Magazine foi um consolo raro: entrevista de fundo com Álvaro Magalhães, um dos meus escritores portugueses preferidos, e crónica de Manuel António Pina (idem) sobre Winnie-the-Pooh; ou como este e outros clássicos que já caíram no domínio público estão a ser alvo de sequelas e adaptações assassinas. Peter Hunt abordou explicitamente o assunto no Congresso Internacional de Promoção da Leitura organizado pela Gulbenkian/Casa da Leitura, citando os casos de Beatrix Potter e Edith Nesbit como exemplos deste assalto à inteligência dos livros e dos leitores – o texto pode ser lido aqui.

Quanto a Winnie-the-Pooh, caiu nas mãos de um autor de “adaptações áudio”, David Benedictus, que se lançou a escrever O Regresso ao Bosque dos Cem Acres (já em pré-venda na Amazon) ao estilo de Milne; ou seja, um produto sucedâneo concebido a partir de um dos textos mais originais da literatura dita para crianças. Conclui Manuel António Pina: “A originalidade é algo que, como diria o burro Inhon, ‘nem todos podem, e alguns não podem, e é o que há a dizer’. Já imitar, na era da reprodutibilidade técnica (a expressão é de Walter Benjamin), qualquer um imita, e se se imitam Rolex porque não literatura?”

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