Em matéria de praias, a região de Lisboa é uma desgraça. Se o clima da Linha de Sintra oferece tanta confiança como os políticos portugueses, a Costa da Caparica e a Linha de Cascais despertam a misantropia em qualquer pessoa decente. Cheguei à conclusão de que as praias do Meco são únicas praticáveis em Agosto, mesmo ao fim-de-semana, o que não é dizer pouco. Por mim, só folgava aos dias úteis e reservava o sossego do bairro aos sábados e domingos para trabalhar, mas uma pessoa tem de adaptar-se à vida real se não quiser acabar dependente de profonóis ou outras anestesias ambulantes, como o desgraçado do Michael Jackson. De modo que tenho elegido o Meco, mais propriamente Alfarim, para algumas idas misericordiosas à praia, neste Verão tão laborioso como uma abelha amestrada por um yuppie. Da minha casa em Lisboa até aos parques de estacionamento onde há sempre lugar são apenas 45 minutos, sem engarrafamentos nem stress, pelo menos às horas a que vou – isto é, depois do almoço, que não sou amiga de fritadeiras nem os meus genes nortenhos toleram exageros. O areal é extenso e só convive com a raça humana quem faz questão disso. As infra-estruturas cumprem os mínimos olímpicos e o mar tem os seus dias, mas chega para não voltar a casa enxuto. Para fugir ao trânsito do regresso fico por ali a jantar, normalmente no Peralta. A localização à beira da estrada não é a ideal, sobretudo se se ficar na esplanada, mas o atendimento é amável e competente, e prefiro-o mil vezes à arrogância balofa do badalado Mar do Peixe, onde o preço não justifica o exquisite da comida. Agosto está a terminar e com ele uma leva de trabalho que parecia não ter fim. Mas estou contente, mesmo contente. Estou in the mood para ouvir este disco e lembrar-me de que o Verão ainda não acabou. Isso é que era bom...
domingo, 30 de agosto de 2009
sábado, 29 de agosto de 2009
UM VELÓRIO, UM LIVRO
Hoje tive de correr três quiosques para achar um JL que não estivesse rasgado, por via do mau empacotamento. Mas lá consegui ler, por fim, a entrevista a Alice Vieira, a segunda nesta semana. Além da resposta em que ela diz abominar a parvoíce da “criança que há em si” (incrível como ainda há gente que vai nesta conversa), achei especialmente divertida esta passagem:
(…)
Na sua infância, tinha muitos livros?
Nas casas por onde andei havia muitos e podia mexer neles à vontade. Era uma maneira de me manterem sossegada. Além disso, a minha vida de criança foi uma grande mistura de mortos e de vivos. Cada vez que morria um velhote na família, as pessoas vinham ao velório e traziam flores para o morto e um livro para mim. A isso devo a minha grande biblioteca infantil.
Houve algum livro que então a tivesse marcado especialmente?
(…)
Na sua infância, tinha muitos livros?
Nas casas por onde andei havia muitos e podia mexer neles à vontade. Era uma maneira de me manterem sossegada. Além disso, a minha vida de criança foi uma grande mistura de mortos e de vivos. Cada vez que morria um velhote na família, as pessoas vinham ao velório e traziam flores para o morto e um livro para mim. A isso devo a minha grande biblioteca infantil.
Houve algum livro que então a tivesse marcado especialmente?
Desde muito pequena, tive a felicidade de ter descoberto Erico Veríssimo. Por isso, tenho a sua fotografia na parede, mesmo diante do computador. Foi a minha grande descoberta, porque percebi que se pode escrever uma história quase sem história, porque as palavras em si têm força, cheiro, cor. Adorei Clarissa, Música ao Longe ou As Aventuras de Tibiquera. Curiosamente foi pela via do Brasil que tive contacto com a grande Literatura.
(…)
À entrevista conduzida por Maria Leonor Nunes junta-se ainda um texto de análise crítica ao conjunto da obra de Alice Vieira, assinado por Ana Margarida Ramos, professora na Universidade de Aveiro e especialista em Literatura Infantil. A imagem de capa do JL foi roubada ao Senhor Palomar.
(…)
À entrevista conduzida por Maria Leonor Nunes junta-se ainda um texto de análise crítica ao conjunto da obra de Alice Vieira, assinado por Ana Margarida Ramos, professora na Universidade de Aveiro e especialista em Literatura Infantil. A imagem de capa do JL foi roubada ao Senhor Palomar.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
À ESPERA NO CENTEIO
Selma, de Jutta Bauer. "Sério candidato a livro infantil do ano publicado em Portugal." É o MacGuffin que o diz e tem razão. Com algum embaraço, confesso não saber qual é a editora responsável por esta promessa de refinadíssimo bom gosto.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
BOLONHA HIGH COST
A decisão de reduzir de quatro para três dias a próxima Feira do Livro Infantil de Bolonha (marcada para os dias 23, 24 e 25 de Março de 2010) não agradou a muitos editores e agentes literários, que estão indignados por não terem sido consultados. Ao que dizem, é um período de tempo escasso para tão alto investimento. Circula uma petição para voltar ao programa tradicional de quatro dias. Via Beattie's Book Blog.
CONCORRÊNCIA
Depois de ver a invenção do Simão, acho que o meu novo livro é tãaaaaaaaaaaaao século XX.
OS ELEFANTES GOSTAM DO MAR?
Línguas de Perguntador
João Pedro Mésseder
Ilustrações de Madalena Matoso
Paulinas
«Línguas de perguntador» é uma expressão caída em desuso para responder a questões do género «o que é o jantar?», feitas por crianças insistentes ou apenas curiosas. Retomando a poética da imaginação de títulos como Breviário do Sol ou Breviário da Água, João Pedro Mésseder faz dupla com Madalena Matoso (vencedora do último Prémio Nacional de Ilustração) e propõe um livro de perguntas e respostas em forma de diálogo. Por exemplo: «Há elefantes que gostam do mar?». Mais do que «sim» ou «não», o autor diz: «Não tenho a certeza, mas quando uma manada atravessa a savana, cabeças e trombas a bambolear, lembra um cortejo de ondas cinzentas.» Elefantes e mar, porque não? Estamos no domínio da livre associação de ideias, desse «binómio fantástico» de que falava o jornalista e escritor Gianni Rodari na sua Gramática da Fantasia – uma das citações directas de Línguas de Perguntador. «É preciso haver uma certa distância entre as duas palavras, é preciso que uma seja suficientemente estranha à outra, e a sua aproximação discretamente insólita, para que a imaginação seja obrigada a pôr-se em movimento», escreveu Rodari. Mais literais ou metafóricas, mas sempre na sintonia entre texto e imagem, estas respostas contêm já outras perguntas, algumas desconcertantes: «Há ginásios no Céu?». «Não tenho a certeza, pois só Deus e os anjos sabem que pesos precisam de erguer.»
(Texto publicado na LER nº 83)
João Pedro Mésseder
Ilustrações de Madalena Matoso
Paulinas
«Línguas de perguntador» é uma expressão caída em desuso para responder a questões do género «o que é o jantar?», feitas por crianças insistentes ou apenas curiosas. Retomando a poética da imaginação de títulos como Breviário do Sol ou Breviário da Água, João Pedro Mésseder faz dupla com Madalena Matoso (vencedora do último Prémio Nacional de Ilustração) e propõe um livro de perguntas e respostas em forma de diálogo. Por exemplo: «Há elefantes que gostam do mar?». Mais do que «sim» ou «não», o autor diz: «Não tenho a certeza, mas quando uma manada atravessa a savana, cabeças e trombas a bambolear, lembra um cortejo de ondas cinzentas.» Elefantes e mar, porque não? Estamos no domínio da livre associação de ideias, desse «binómio fantástico» de que falava o jornalista e escritor Gianni Rodari na sua Gramática da Fantasia – uma das citações directas de Línguas de Perguntador. «É preciso haver uma certa distância entre as duas palavras, é preciso que uma seja suficientemente estranha à outra, e a sua aproximação discretamente insólita, para que a imaginação seja obrigada a pôr-se em movimento», escreveu Rodari. Mais literais ou metafóricas, mas sempre na sintonia entre texto e imagem, estas respostas contêm já outras perguntas, algumas desconcertantes: «Há ginásios no Céu?». «Não tenho a certeza, pois só Deus e os anjos sabem que pesos precisam de erguer.»
(Texto publicado na LER nº 83)
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
OBAMA, O HIPNOTIZADOR
Um vídeo com John Pilger, nome grande do jornalismo de investigação, descreve Barack Obama como um “marketing dream” e compara-o à Bennetton ou Calvin Klein. O que ele faz é uma coisa; o que a marca nos leva a acreditar é outra. O verdadeiro poder dos Estados Unidos é o dos oficiais do Pentágono. Obama é um “hipnotizador”, uma marca que nos mantém presos ao estado de infantilidade, tal como a boa publicidade faz. E onde é que isto se pode ouvir? No blogue da Bruaá. Mas a Bruaá não é uma editora de livros para crianças? É, é.
A MÚSICA DAS BORBOLETAS
A neozelandesa Rachel King diz no seu blog que gostou muito da capa do livro na tradução da Presença. Um dos comentários considera-a "very classy". Infelizmente não podemos satisfazer a curiosidade da autora quanto à genuinidade dos diálogos em português do Brasil. Mas tenho a impressão de que a Sara Figueiredo Costa levou o livro para férias e, se assim foi, talvez um destes dias tenhamos ecos da Amazónia.
domingo, 23 de agosto de 2009
UMA ENGRENAGEM CONTRA O REMORSO
“Estranho”, pensou o homem. “Nunca tive de tomar uma decisão assim. Decidir um destino, decidir entre a vida e a morte.” Não era como no supermercado, em que os bichos já estavam mortos e a responsabilidade não era sua – pelo menos não directamente. Você podia comê-los sem remorso. Havia toda uma engrenagem montada para afastar você do remorso. As galinhas vinham já esquartejadas, suas partes acondicionadas em bandejas congeladas, nada mais distante da sua responsabilidade. Os peixes jaziam expostos no gelo, com os olhos abertos mas sem vida. Exactamente, olhos de peixe morto. Mas você não decretara a morte deles. Claro, era com sua aprovação tácita que bovinos, ovinos, suínos, caprinos, galinhas e peixes eram assassinados para lhe dar de comer. Mas você não estava presente no acto, não escolhia a vítima, não dava a ordem. Não via o sangue. “De certa maneira”, pensou o homem, “vivi sempre assim, protegido das entranhas do mundo. Sem precisar de me comprometer. Sem encarar as vítimas.” Mas agora era preciso escolher.
(excerto da crónica de Luís Fernando Veríssimo, “A Truta”, publicada no Expresso desta semana)
(excerto da crónica de Luís Fernando Veríssimo, “A Truta”, publicada no Expresso desta semana)
UMA AVÓ E UMA ALDEIA
Uma passagem da entrevista de Alice Vieira que me comoveu: “O professor João dos Santos dizia sempre que uma criança não sobrevive sem ter uma aldeia e sem ter uma avó e por isso, se não as tem, tem de as inventar.”
Tive essa sorte. Mas só hoje percebi que o Ainda Falta Muito? é também um capítulo da minha sobrevivência.
Tive essa sorte. Mas só hoje percebi que o Ainda Falta Muito? é também um capítulo da minha sobrevivência.
ALICE VIEIRA HOJE NA NOTÍCIAS MAGAZINE
Um excerto da entrevista a Alice Vieira, publicada na edição de hoje da Notícias Magazine, com texto de Catarina Pires e fotografias de Rui Coutinho:
"Nestes trinta anos, já publicou mais de setenta livros. É obra! Onde vai buscar a matéria para tanta produtividade?
Pois, parece que sim [suspira]. Além da minha infância e dos meus filhos, vou sempre ou quase sempre buscá-la ao meu dia-a-dia. Saio e quando chego a casa já trago um romance para escrever. Matéria-prima nunca falta desde que se esteja com atenção. O António Torrado costuma dizer que para escrever uma história basta olharmos pela janela.
Consegue dizer o que é que gosta mais de escrever?
O mais difícil é o que escrevo para crianças. Tenho o dobro do trabalho e levo o dobro do tempo a escrever pequenas histórias para os mais novos porque tenho de estar sempre a pensar que idades têm, se percebem determinada palavra ou não. Por isso, prefiro escrever romance. Sou muito egoísta quando estou a escrever; sou eu, a máquina e mais ninguém, e escrevo para mim. Sou muito, muito exigente, mas é comigo, já deitei fora romances completos quando os ia entregar.
As crianças e jovens são os que mais lêem neste país. Mas são bons leitores?
"Nestes trinta anos, já publicou mais de setenta livros. É obra! Onde vai buscar a matéria para tanta produtividade?
Pois, parece que sim [suspira]. Além da minha infância e dos meus filhos, vou sempre ou quase sempre buscá-la ao meu dia-a-dia. Saio e quando chego a casa já trago um romance para escrever. Matéria-prima nunca falta desde que se esteja com atenção. O António Torrado costuma dizer que para escrever uma história basta olharmos pela janela.
Consegue dizer o que é que gosta mais de escrever?
O mais difícil é o que escrevo para crianças. Tenho o dobro do trabalho e levo o dobro do tempo a escrever pequenas histórias para os mais novos porque tenho de estar sempre a pensar que idades têm, se percebem determinada palavra ou não. Por isso, prefiro escrever romance. Sou muito egoísta quando estou a escrever; sou eu, a máquina e mais ninguém, e escrevo para mim. Sou muito, muito exigente, mas é comigo, já deitei fora romances completos quando os ia entregar.
As crianças e jovens são os que mais lêem neste país. Mas são bons leitores?
São. Muito por causa da escola continuam a ser bons leitores. Penso que temos de os cativar para o gosto da leitura muito antes disso, desde bebés, habituá-los a mexer nos livros, contar-lhes as histórias, só assim serão adultos que lêem."
sábado, 22 de agosto de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
COM A AJUDA DE DEUS E DO GPS
Um neozelandês procurou e encontrou a aliança de casamento no mar, 16 meses depois de a ter perdido. Isto é só um fait-divers, mas tem lá a palavra mágica que fez tremelicar as minhas pestanas míopes e cansadas. Logo hoje que comecei o dia a pensar na Nova Zelândia. Bom, fora hoje, é todos os dias. Deve ser um sinal: mudar de lentes o quanto antes. Via Senhor Palomar.
RECUERDOS DO DOURO
Estive no Douro e não vejo a hora de lá voltar. Talvez em Outubro. As fotografias são do jardineiro convidado deste blogue, Guto Ferreira. E a senhora de óculos escuros que aparece na primeira imagem não sou eu.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
TRABALHO INFANTIL EM SETÚBAL
WORKSHOP DE DIÁRIOS GRÁFICOS
Os belíssimos Diários de Viagem reunidos por Eduardo Salavisa (ed. Quimera) vão ser objecto de um workshop no Next Art – Centro de Formação Artística, em Lisboa. Chama-se “Diários Gráficos… como suporte de observação, experimentação e criatividade.” Há uma versão longa, de quatro sessões, nos dias 2, 7, 9 e 12 de Setembro, das 19h00 às 21h30 (80 €). E há um shortcut para sábado, dia 19 de Setembro, das 11h00 às 19h00 (65 €). O formador será o próprio Eduardo Salavisa. As inscrições decorrem até ao dia 31 de Agosto. Mais informações em http://www.next-art.net/.
(As ilustrações são retiradas do livro e pertencem a José María Sanchéz)
PRONTO, TAMBÉM CONFESSO
... que quando tinha 19 ou 20 anos e andava na faculdade li (ou tentei ler) O Leilão do Lote 49, do Thomas Pynchon. Li mesmo? Não ficou nada. A verdade é que nem me lembro se cheguei ou não ao fim. Também não vou no hype.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
MULHERES QUE GOSTAM DE ACTORES
Respondendo à curiosidade do Ricardo Gross, que lançou o desafio às bloggers do reino, aqui fica a minha lista dos 15 actores mais bonitos (ou carismáticos… o que para nós, mulheres, costuma dar no mesmo). Os nomes são indissociáveis dos filmes mencionados. Eles vêm em primeiro lugar e por ordem alfabética; com muita pena, ficaram uns quantos de fora, casos de Tim Roth ou Gabriel Byrne. Só não há lugar para Di Caprios e imberbes afins. À parte isso, não sei se é possível descobrir alguma coerência estética.
Clive Owen (Closer)
Colin Farrell (Alexandre, O Grande)
Daniel Craig (A Mãe/The Mother)
Humphrey Bogart (Casablanca)
Jake Gyllenhaal (O Segredo de Brokeback Mountain)
James Woods (John Carpenter’s Vampires)
Javier Bardem (Em Carne Viva)
Lambert Wilson (Rendez-Vous)
Marlon Brando (Um Eléctrico Chamado Desejo)
Martin Donovan (Uma Questão de Confiança/Trust)
Marton Csokas (A Casa da Loucura/Asylum)
Paul Newman (Gata em Telhado de Zinco Quente)
Ralph Fiennes (O Paciente Inglês)
Ray Liotta (Selvagem e Perigosa/Something Wild)
Russell Crowe (Cinderella Man)
Clive Owen (Closer)
Colin Farrell (Alexandre, O Grande)
Daniel Craig (A Mãe/The Mother)
Humphrey Bogart (Casablanca)
Jake Gyllenhaal (O Segredo de Brokeback Mountain)
James Woods (John Carpenter’s Vampires)
Javier Bardem (Em Carne Viva)
Lambert Wilson (Rendez-Vous)
Marlon Brando (Um Eléctrico Chamado Desejo)
Martin Donovan (Uma Questão de Confiança/Trust)
Marton Csokas (A Casa da Loucura/Asylum)
Paul Newman (Gata em Telhado de Zinco Quente)
Ralph Fiennes (O Paciente Inglês)
Ray Liotta (Selvagem e Perigosa/Something Wild)
Russell Crowe (Cinderella Man)
GUIA PARA NOSTÁLGICOS
Corgo, Tâmega, Tua, Sabor, Barca d’Alva, Vouga, Lamego, Dão, Lena, Lousal, S. Domingos e outras mais. “Nos últimos 20 anos, Portugal perdeu mais de 700 km de vias férreas, desactivadas em nome da boa gestão, do controlo do défice e dessa abstracção onde tudo cabe chamada progresso. À evidência, nem o país ficou mais rico, nem as populações mais bem servidas.” Em Espanha, cerca de 1300 km de linhas de via estreita, de características e idade semelhantes, foram recuperadas e servem hoje de suporte para comboios turísticos, como é o caso do Transcantábrico. Os espanhóis devem pensar que somos uns incompetentes e têm toda a razão. Sobre este tema, a SIC emitiu uma reportagem no início do mês que continua a poder ser vista online. Chama-se, precisamente, "Fim de Linha". As declarações do responsável da Refer, em pose de quem vai de férias ainda nesse dia e se está nas tintas para o assunto, deviam envergonhar a empresa. E mais uns senhores que gravitam acima dela. A ver obrigatoriamente; por exemplo, no blogue Menos Um Carro.
(Pelas Linhas da Nostalgia – Passeios a pé nas vias férreas abandonadas, de Rui Cardoso e Mafalda César Machado, Ed. Afrontamento, 2008)
(Pelas Linhas da Nostalgia – Passeios a pé nas vias férreas abandonadas, de Rui Cardoso e Mafalda César Machado, Ed. Afrontamento, 2008)
terça-feira, 18 de agosto de 2009
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
CONCURSO DE LITERATURA INFANTO-JUVENIL
O Centro Cultural do Alto Minho, em Viana do Castelo, lançou o concurso de literatura infanto-juvenil/Prémio Centro Cultural do Alto Minho, destinado a autores portugueses que não tenham qualquer livro publicado na área da literatura infanto-juvenil; ou, no máximo, um livro. O texto deve ter até 50 páginas, sendo assinado sob pseudónimo. Não há limite de idade. Prazo para recepção dos originais: 30 de Setembro de 2009. O vencedor será premiado com mil euros e a edição do texto em livro pelo Centro Cultural do Alto Minho. O autor do segundo melhor texto receberá 200 euros e o terceiro uma menção honrosa. O regulamento completo pode ser consultado aqui.
DOWN BY HEAT
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
OUTROS CADERNOS DE VIAGEM
Gostava que esta senhora me desse o contacto da agência de viagens que lhe trata das férias. “Cadernos de Estrelas”, uma exposição de Paula Catão assente em retrospectivas de trabalhos de viagens: pinturas em cadernos, moleskines, ecolines, colagens, escrita, purpurinas… Inaugura a 5 de Setembro na Quasiloja Galeria, no Porto (Rua Ribeiro de Sousa, 225-229). Não confundir com a loja das Edições Quasi, que fica em Vila Nova de Famalicão.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
OLHA QUE BEM
Deixo um apelo a “certas e determinadas pessoas” (se me dás licença, Sara) que comemoram hoje o seu aniversário e têm como tentação desancar em bares com terraço onde pára a fina flor murcha e polyesterizada da sociedade lisboeta para que investiguem a pertinência deste sítio: Sky Bar, Hotel Tivoli. Eu própria o faria, se estivesse com vida para isso, mas como não sou invejosa deixo as dicas para quem queira aproveitar. O texto foi tirado do press-release:
"5ª feira, 13 de Agosto - Kika, de Pedro Almodóvar
6ª feira, 14 de Agosto - Maria Antonieta, de Sofia Coppola
Sábado, 15 de Agosto - Uma Comédia Sexual Numa Noite de Verão, de W. Allen
5ª feira, 20 de Agosto - Má Educação, de Pedro Almodóvar
5ª feira, 20 de Agosto - Má Educação, de Pedro Almodóvar
6ª feira, 21 de Agosto - Juno, de Jason Reitman
Sábado, 22 de Agosto - Amor Cão, de Alejandro González Iñárritu
5ª feira, 27 de Agosto - Uma Verdade Inconveniente, de Davis Guggenheim
6ª feira, 28 de Agosto - Good Night and Good Luck, de George Clooney
Sábado, 29 de Agosto - Estranhos de Passagem, de Stephen Frears
Mas as propostas do Sky Bar não se ficam pelo cinema. Durante o mês de Agosto pode-se também dançar com vista para Lisboa! De 1 a 15 de Agosto, as escolhas musicais ficam a cargo de Isilda Sanches. Na segunda quinzena, será DJ Belita a marcar o ritmo."
(Parabéns, Pedro! Sem ponto de exclamação ia parecer que estou zangada.)
INTERMITÊNCIAS
A MINHA PRIMEIRA SOPHIA
Grandes conhecedores da obra e da pessoa que foi Sophia de Mello Breyner Andresen, Fernando Pinto do Amaral (texto) e Fernanda Fragateiro (ilustração) juntaram-se para contar aos mais pequenos A Minha Primeira Sophia, a publicar em Setembro pela Dom Quixote. Na mesma colecção, saíram já O Meu Primeiro Dom Quixote, O Meu Primeiro Mozart, O Meu Primeiro Fernando Pessoa e O Meu Primeiro Álbum de Poesia.
A capa reproduzida acima corresponde ao catálogo do XVII Encontro de Literatura Para Crianças, realizado em Lisboa, na Gulbenkian, entre os dias 8 e 10 de Novembro de 2006. Fernando Pinto do Amaral foi um dos oradores presentes, com o tema “As Escolhas de Sophia – Assombro e inteireza em algumas Histórias para Crianças”, cujo parágrafo final aqui se reproduz:
A capa reproduzida acima corresponde ao catálogo do XVII Encontro de Literatura Para Crianças, realizado em Lisboa, na Gulbenkian, entre os dias 8 e 10 de Novembro de 2006. Fernando Pinto do Amaral foi um dos oradores presentes, com o tema “As Escolhas de Sophia – Assombro e inteireza em algumas Histórias para Crianças”, cujo parágrafo final aqui se reproduz:
“Quase meio século depois, dar a ler as suas histórias aos nossos filhos constituirá certamente o melhor antídoto contra alguma boçalidade do tempo em que vivemos, mas sobretudo contra a poluição de um mundo onde por vezes parece que tudo se compra e tudo se vende. Tal como a dos grandes clássicos, a obra de Sophia de Mello Breyner Andresen diz-nos que não é assim, que nem tudo obedece à lei do mais forte ou às leis do mercado, lembrando-nos que sempre houve e sempre continuará a haver valores éticos e estéticos capazes de resistir à sucessão das modas e à voragem do tempo.”
QUERIDAS BIBLIOTECAS
É o nome do blogue do José Fanha, recentemente descoberto. Fala de livros para crianças que o "encantam" e só podemos ficar contentes por saber que o Ainda Falta Muito? também faz parte desse lote de eleição. Ler aqui.
domingo, 9 de agosto de 2009
DOIS BEST-SELLERS DA NOVA ZELÂNDIA
A Presença vai publicar A Música das Borboletas, o primeiro romance de Rachael King, autora neozelandesa (n. 1970) convertida em best-seller e já traduzida em oito línguas. Acresce dizer que é filha de Michael King, historiador de referência, desaparecido em Março de 2004 num acidente de automóvel. Quem queira ler uma história concisa e fluente da Nova Zelândia, terá de escolher forçosamente a edição de bolso (um bolso largo, é certo) da Penguin Books. A Música das Borboletas, segundo informação da editora, “é uma história de paixão e beleza, brutalidade e morte, entre a recatada alta burguesia eduardiana da viragem do século XX, e a perversão e os perigos ocultos na luxuriante selva amazónica, que rodeiam o próspero negócio de borracha no Brasil”. Assim de repente, não me desperta grande curiosidade. Fico com o pai.
ACTO DE CONTRIÇÃO
Hoje li a primeira frase de um texto e fiquei sem vontade de continuar, de tão mau que achei. Pior: o texto era meu. Pior do que tudo o resto: foi publicado. Não sei se isto acontece aos melhores, mas aos outros – em que me incluo – acontece de certeza. Que fazer? Parar já com a autoflagelação e ganhar vergonha na cara.
sábado, 8 de agosto de 2009
ESBOÇO PARA UM PICTURE BOOK
No blogue A Inocência Recompensada, José António Gomes, professor de literatura e director da revista Malasartes, evoca O Principezinho e explica-o como um prenúncio dos picture books:
“Uma última nota, quase deslocada neste testemunho: já se terá reparado que, sem as ingénuas aguarelas do autor, o texto de Saint-Exupéry era outra coisa? Na esteira de Beatrix Potter e de alguns outros, Saint-Ex, esse terno moralista, era quase um moderno e, conquanto não tenha produzido um picture story book, prenunciava, com o seu livro, a actual gramática do género, ou seja, a de uma narrativa construída segundo um princípio de articulação e complementaridade entre palavra e imagem.”
Ler o texto completo aqui.
P.S- Quando quero confirmar a qualidade da tradução do clássico de Saint-Exupéry, passo directamente para a página que contém a célebre pergunta: “Que significa cativar?”. Parece que, a cada nova versão, se tenta complicar o que é simples e foi tão bem resumido por Alice Gomes na edição da Aster: “Significa «criar laços…»”.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
PALAVRAS COM PÊLO
Com ou sem erro ("do que" em vez de "como"), já assinalado no Bibliotecário de Babel, isto é mesmo muito bonito:
"Os gatos são palavras com pêlo. Os gatos, como as palavras, rondam à volta dos humanos sem nunca se deixarem domesticar. É tão difícil meter um gato num cesto quando temos um comboio para apanhar do que ir à nossa memória caçar a palavra exacta e convencê-la a tomar o seu lugar na página em branco. Palavras e gatos pertencem ambos à raça dos inefáveis." (in Dois Verões, de Erik Orsenna, trad. de Luís Ruivo Domingos, Teorema, 2009)
O GATO DO CAMPO E O GATO DA CIDADE
HEATH LEDGER ACTIVISTA
Não sabia que Heath Ledger tinha feito um videoclip ("King Rat", Modest Mouse) que é um manifesto contra a caça ilegal à baleia. Isso só me faz gostar ainda mais dele. Se acharem forte, basta inverter os papéis e ficar na pele dos machos dominantes. Via Húmus.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
EVEN COWGIRLS GET THE BLUES
Desde que li este post do Senhor Palomar, comecei a elaborar distraidamente uma lista de filmes de amor que não acabam em happy end. Casablanca é um clássico da arte de perder com dignidade, sem lágrimas, sem chantagens, sem a estúpida e miserável autocomiseração. Mas a maior parte de nós tende para o filme francês, ao mesmo tempo que se engana com comédias românticas, sem chegar a perceber nada do que é o amor. Passada a adolescência, não há livros nem versos de Eugénio de Andrade que nos salvem. Com um bocado de sorte, talvez possamos confiar no envelhecimento e aspirar à sabedoria das pedras, que tudo observam sem julgar. Às vezes, nem isso. Ontem voltei a ver Brokeback Mountain, um desses filmes de amor que não acabam em happy end, e em que cada instante de felicidade é saboreado com a antecipação de um amargo de boca. O que a história de Ennis Del Mar e Jack Twist tem de mais tocante, para mim, não resulta tanto da crueldade e violência dos homens, antes desse estado de perda continuada ao longo do tempo, cerca de vinte anos de breves encontros em direcção a uma perda irreparável. É muito difícil sobreviver a isso. A morte-em-vida de Ennis Del Mar e o linchamento de Jack Twist são as duas faces da mesma moeda, o último lance de um jogo de azar. Porque nem sempre há uma causa nobre a defender, um avião à nossa espera, ou o princípio de uma bela amizade. No fim, sobram apenas duas velhas camisas guardadas num armário, e a esperança de que o ar não as devore tão cedo. Mas é uma luta inglória. Talvez um pouco como o amor.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
O PONTO DE EXCLAMAÇÃO
As auto-estradas da informação ainda não chegaram ao Douro. O acesso à rede de telemóvel é tão sinuoso e arbitrário como a estrada 222 que segue a linha do rio: nunca se sabe o que vai aparecer depois da próxima curva. Um jipe disparado a 130 quilómetros à hora? Uma Famel Zundap aos ziguezagues, conduzida por um tipo que manda mensagens sms com a mão direita? Tudo é possível. Talvez a capicua seja a sorte dos sobreviventes à experiência da 222.
Entretanto, uma semana sem ler blogues nem jornais deixou-me na ignorância da sacanice que fizeram ao Pedro Vieira e do movimento para a erradicação dos pontos de exclamação. Ora, apesar de gostar muito do banner que ele desenhou, até porque tenho uma tatuagem no mesmo sítio, custa-me subscrever a proposta. Acho que o ponto de exclamação faz falta, como tudo o que existe, à excepção do Alberto João Jardim e de mais algumas pessoas. Quando se quer passar da ironia para o sarcasmo, um ponto de exclamação pode ser o remate certo. Percebe-se a intenção. De vez em quando, a indignação, o espanto e o entusiasmo também precisam do seu pontito atrevido. Sem emoções, a vida é uma chatice ainda maior. Como disse Manuel António Pina na crónica do JN, se “o motivo é o seu mau uso ou o seu abuso”, estamos de acordo. Mas daí a acabar com o coitado na blogosfera parece-me um exagero, caramba. Gostava mais que se pensasse duas vezes antes de partir para qualquer conjugação do verbo “compilar”. Isso é que era de homem.
Entretanto, uma semana sem ler blogues nem jornais deixou-me na ignorância da sacanice que fizeram ao Pedro Vieira e do movimento para a erradicação dos pontos de exclamação. Ora, apesar de gostar muito do banner que ele desenhou, até porque tenho uma tatuagem no mesmo sítio, custa-me subscrever a proposta. Acho que o ponto de exclamação faz falta, como tudo o que existe, à excepção do Alberto João Jardim e de mais algumas pessoas. Quando se quer passar da ironia para o sarcasmo, um ponto de exclamação pode ser o remate certo. Percebe-se a intenção. De vez em quando, a indignação, o espanto e o entusiasmo também precisam do seu pontito atrevido. Sem emoções, a vida é uma chatice ainda maior. Como disse Manuel António Pina na crónica do JN, se “o motivo é o seu mau uso ou o seu abuso”, estamos de acordo. Mas daí a acabar com o coitado na blogosfera parece-me um exagero, caramba. Gostava mais que se pensasse duas vezes antes de partir para qualquer conjugação do verbo “compilar”. Isso é que era de homem.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
BACK IN TOWN
Back in town, back to business – mas ainda a recuperar o ritmo lentamente e sem grande entusiasmo. Lisboa em Agosto é apenas um pouco menos insuportável do que no resto do ano, diz alguém que ambiciona viver no campo, cultivando a sua aurea mediocritas e um pouco mais. O problema está neste “um pouco mais”, já que a mediocritas é de fácil acesso.
(Ilustração de Shaun Tan. Quem não conhece pode saber mais aqui.)
(Ilustração de Shaun Tan. Quem não conhece pode saber mais aqui.)
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