domingo, 24 de junho de 2012

ON THE ROAD AGAIN


Do microcosmos ao macrocosmos, tudo procede por ciclos de vida e de morte. É tempo de começar e acabar outras viagens além da blogosfera. O Jardim Assombrado vai encerrar por tempo indeterminado. Talvez volte, talvez não. Pela curiosidade, pela atenção, pelos comentários, pela generosidade, agradeço de alma e coração aos milhares de leitores que foram passeando por aqui desde Setembro de 2008.  

quinta-feira, 14 de junho de 2012

I PREFER TO KNOCK ON WOOD



I prefer movies.
I prefer cats.
I prefer the oaks along the Warta.
I prefer Dickens to Dostoyevsky.
I prefer myself liking people
to myself loving mankind.
I prefer keeping a needle and a thread on hand,
just in case.
I prefer the color green.
I prefer not to mantain
that reason is to blame for everything.
I prefer exceptions.
I prefer to leave early.
I prefer talking to doctors about something else.
I prefer the old fine-lined illustrations.
I prefer the absurdity of writing poems
to the absurdity of not writing poems.
I prefer, where love's concerned, nonspecific
anniversaries
that can be celebrated every day.
I prefer moralists
who promise me nothing.
I prefer cunning kindness to the over-trustful kind.
I prefer the earth in civvies.
I prefer conquered to conquering countries.
I prefer having some reservations.
I prefer the hell of chaos to the hell of order.
I prefer Grimm's fairy tales to the newspapers' front pages.
I prefer leaves without flowers to flowers
without leaves.
I prefer dogs with uncropped tails.
I prefer light eyes, since mine are dark.
I prefer desk drawers.
I prefer many things that I haven't mentioned
here
to many things I've also left unsaid.
I prefer zeroes on the loose
to those lined up behind a cipher.
I prefer the time of insects to the time of stars.
I prefer to knock on wood.
I prefer not to ask how much longer and when.
I prefer keeping in mind even the possibility
that existence has its own reason for being.

("Possibilities", de Wislawa Szymborska. Para a MLC.)

terça-feira, 12 de junho de 2012

UM NOVO RUGIDO DA BRUAÁ


Inéditos, inusuais, inconformistas. A Bruaá prepara-se para lançar novo livro para a semana: uma antologia de poesia humorística traduzida por Miguel Gouveia, com ilustrações de Serge Bloch: O Tigre na Rua e outros poemas. Tomem nota dos autores: «David Chericián, María Elena Walsh, Laura Elisabeth Richards, Michel Monnereau, Roger McGough, Marc Johns, Spike Milligan, Edward Lear, Javier Villafañe, Shel Silverstein, Eduardo Polo, Daniil Harms, Jacques Prévert, Richard Edwards, André Frédérique, Edgar Allan García, Ramón Gómez de la Serna, Jacques Roubaud, Roland Topor e um tal de Anónimo.» Mais informações aqui.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

THE KILLING MOON



O Jardim Assombrado entrou hoje em Quarto Minguante.

PERDEU-SE UMA PEDRA PRECIOSA



Há muito desaparecido de vista, Histórias da Minha Rua foi um dos livros da minha infância, já chegado por herança familiar. Nessa altura, as ilustrações de Maria Keil (1914-2012) perdiam em competição com os Astérix, Tintins e outros heróis mais frenéticos, mas ficaram gravadas para sempre, à espera desse «restauro» que só a idade madura confere. Tive a oportunidade de conhecer Maria Keil em Março passado, no lar do Restelo onde passou os últimos anos. A entrevista não chegou a ser publicada, por razões que não importa referir agora. Guardo a imagem de uma senhora gentil, frágil e melancólica; tive pena de não a conhecer mais cedo. Não foi o caso da Rita Pimenta, que assinou um trabalho jornalístico completíssimo para o Público. Espero que não se importe que eu use aqui um título tão puro como verdadeiro na sua delirante fantasia. Goodbye, precious.

terça-feira, 5 de junho de 2012

TODAS AS MÃES


Com minhamãe (assim mesmo, em minúsculas e sem espaços), a dupla Eugénio Roda/Gémeo Luís prossegue um discurso estilístico inconfundível, já consagrado com o Prémio Nacional de Ilustração 2005 e outras distinções. Mesmo escolhendo um tema que nunca sai da agenda, era de esperar que estas mães Eterogémeas não se confundissem com outras quaisquer. Por exemplo: «a mãe brinca com o fogo para iluminar o caminho.» Ou: «a mãe desce aos invernos para derreter a neve.» Ou ainda este, belíssimo: «o primeiro filho dá à luz a mãe.» Os textos breves, aforísticos, assentam no poder da metáfora e da metonímia, gerando facilmente efeitos de antítese («ao braço de ferro, a mãe responde com mãos de fada»), de paradoxo («o ouvido absoluto da mãe alimenta-se da surdez») e até de ironia («o negócio da mãe é abrir filiais.»). Em livre associação ao texto, Gémeo Luís envolve as figuras maternais nos seus próprios cenários, em silhuetas de papel recortado com bisturi que ilustram o texto traduzido (na mesma página) para sete línguas: inglês, francês, espanhol, italiano, alemão, holandês e grego. Porque a linguagem das mães não tem fronteiras.

minhamãe
Eugénio Roda
Ilustrações de Gémeo Luís
Edições Eterogémeas

(Texto publicado na LER nº 114. Gémeo Luís, nom de plume de Luís Mendonça, ganhou o Prémio Nacional de Ilustração com o livro O Quê Que Quem, também com texto de Eugénio Roda.)