segunda-feira, 10 de novembro de 2008

CADERNO PRETO Nº 13


No Verão de 2001 comecei a escrever nestes cadernos, porque não havia muito mais que pudesse fazer. No princípio eram só palavras torrenciais, desfeitas pelo esforço de continuar à superfície. Anotava os sonhos como se fossem guiões para a vida real e observava-me ao longe, enquanto os dias passavam em reprise. Demorou algum tempo até que as linhas quadriculadas fossem capazes de sustentar outros nomes e outros lugares; e também personagens imaginárias, diálogos inventados, ideias para trabalhos, títulos para artigos por escrever. De cada vez que começava um novo caderno, começava uma possibilidade de provocação da realidade. Por isso lhes dei títulos, seguindo uma lógica pessoal e momentânea: “Go West”, “Agosto e tudo o que veio depois”, “The Road Not Taken”, “A Casa dos Gatos”, “Homeland”, “Ossos e Vento”, “O Regresso de Ianes” e outros. São doze cadernos de capa preta e lombada de tecido azul, com os cantos desgastados pelo uso e o fundo branco um pouco sujo. Amigos que envelhecem comigo, sem segredos nem julgamentos morais.

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