quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

ISTO É JORNALISMO A SÉRIO


Na última Notícias Magazine, Ricardo J. Rodrigues escreve sobre o primeiro livro de Gay Talese – um dos decanos do Novo Jornalismo – publicado em Portugal: Honra o Teu Pai (Presença). E ainda teve o privilégio (aliás, bem aproveitado) de falar com o homem. O artigo já está no meu clipping. Aqui fica um parágrafo, ad usum delphini:

“Talese obedece a três rigorosas leis para fabricar a sua arte. «Em primeiro lugar está a investigação. É a arte de estar com as pessoas, de ser um parceiro na sua privacidade. Não basta ouvir o que o outro tem para dizer, porque nem sempre isso é a verdade. Tem de se perceber o que realmente pensam e isso requer tempo.» De seguida, a organização. «Escrever uma história é uma coreografia, cada passo tem de ser dado sem hipóteses de falhar. Para onde me dirijo? Qual é o próximo passo? Quando é que viajo no tempo com o meu argumento?» E por fim a escrita, «onde tudo o que organizaste pode ser posto em causa porque as palavras têm aquela curiosa tendência de ganhar vida própria e levar-te a locais inesperados. É o momento da magia, mas a magia tem de ser revista uma e outra vez, para estar apurada.» Gay Talese leva isto tão a peito que por vezes pendura algumas páginas escritas na sua velha máquina Xerox nas paredes do escritório e olha para elas através de um par de binóculos. Vistas pelas lentes, parecem impressas. E isso permite-lhe olhar para o texto com uma certa distância. «Vejo as coisas com um novo par de olhos.» Literalmente.”

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