quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O PONTO DE EXCLAMAÇÃO


As auto-estradas da informação ainda não chegaram ao Douro. O acesso à rede de telemóvel é tão sinuoso e arbitrário como a estrada 222 que segue a linha do rio: nunca se sabe o que vai aparecer depois da próxima curva. Um jipe disparado a 130 quilómetros à hora? Uma Famel Zundap aos ziguezagues, conduzida por um tipo que manda mensagens sms com a mão direita? Tudo é possível. Talvez a capicua seja a sorte dos sobreviventes à experiência da 222.

Entretanto, uma semana sem ler blogues nem jornais deixou-me na ignorância da sacanice que fizeram ao Pedro Vieira e do movimento para a erradicação dos pontos de exclamação. Ora, apesar de gostar muito do banner que ele desenhou, até porque tenho uma tatuagem no mesmo sítio, custa-me subscrever a proposta. Acho que o ponto de exclamação faz falta, como tudo o que existe, à excepção do Alberto João Jardim e de mais algumas pessoas. Quando se quer passar da ironia para o sarcasmo, um ponto de exclamação pode ser o remate certo. Percebe-se a intenção. De vez em quando, a indignação, o espanto e o entusiasmo também precisam do seu pontito atrevido. Sem emoções, a vida é uma chatice ainda maior. Como disse Manuel António Pina na crónica do JN, se “o motivo é o seu mau uso ou o seu abuso”, estamos de acordo. Mas daí a acabar com o coitado na blogosfera parece-me um exagero, caramba. Gostava mais que se pensasse duas vezes antes de partir para qualquer conjugação do verbo “compilar”. Isso é que era de homem.

1 comentário:

Maria Josefa Paias disse...

Como disse tudo, e tão bem!