quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A QUEDA DE CHARLOTTE USHER


Ghostgirl – a rapariga invisível
Tonya Hurley
Ilustrações de Craig Phillips
Tradução de Rosa Amorim
Contraponto

Esta é a incrível história de Charlotte Usher, brilhante aluna do Liceu Hawthorne, que morre sufocada ao engolir um urso de goma e passa para o outro mundo. Aí conhece uma turma de miúdos zombies, tão (literalmente) desintegrados como ela: Kim Liga-me, que desfez o cérebro por excesso de exposição ao telemóvel; CoCo, vítima da moda e quase anoréctica; ou DJ, um obcecado por música que se recusou a passar bandas populares na festa de um gangue. Com eles, vive uma existência paralela numa mansão assombrada, antecâmara da eternidade que todos desejam. Mas Charlotte Usher não se conforma com o destino e faz tudo para voltar atrás. Fenómeno recente nos EUA, onde entrou para a lista de best-sellers do New York Times, Ghostgirl é um romance juvenil revelador da imaginação de Tonya Hurley, um nome ligado aos circuitos do cinema independente. Aqui se cruzam o humor negro à la Tim Burton (há alturas em que só nos lembramos de Beetlejuice), a filosofia da auto-ajuda, os conselhos da revista Teen Vogue, citações de Emily Dickinson ou Ian Curtis, e o elenco das bandas góticas/alternativas que começaram nos anos 1980. É fácil rendermo-nos à mistura, mas por baixo da embalagem bem composta – é um livro que também se devora com os olhos – há aqui uma moral ubíqua que nos deixa algo incomodados, sobretudo no twist final.

(Texto publicado na LER nº 88)

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