segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

LER SEM MODERAÇÃO


Na LER de Fevereiro, uma bela capa com ilustração e lettering de João Fazenda conduz às catorze páginas dedicadas a Ruy Belo – poeta do nosso contentamento descontente, da fulgurante melancolia, um «homem de palavra» e «um extraordinário dissidente lírico», como escreve José Tolentino Mendonça. A propósito das Cartas de Casanova, Carlos Vaz Marques entrevistou António Mega Ferreira, primeiro director da revista. Surgiu no Inverno de 1988 (desde então, nunca falhei um número) e já atingiu uma considerável longevidade, «come hell or high waters». Nesta edição, despedem-se não só as grandes entrevistas de Carlos Vaz Marques (pena, muita pena) como a direcção de João Pombeiro: um breve intervalo de tempo em que se apostou forte na capacidade de reinvenção da revista, na visibilidade pública extra-literária e na comunicação com os leitores e colaboradores. Pela parte que me toca mais directamente, soube bem ver a Feira do Livro Infantil de Bolonha servir de pretexto à capa de Bernardo Carvalho, em Março de 2012, ano em que Portugal foi país convidado. Está tudo lembrado no editorial, mas a continuidade dos pergaminhos do DN Jovem nas páginas do «15/25» e o Festival LER no Cinema São Jorge chegavam para demonstrar o vitalismo e a paixão destes últimos 17 meses. Julgo que o profissionalismo de um jornalista como o João Pombeiro é independente de tudo, excepto das suas qualidades pessoais, conhecidas de todos os que com ele trabalham. E isso faz toda a diferença. Obrigada.

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