quarta-feira, 8 de julho de 2015

E NÓS, MÃE, PARA ONDE VAMOS DE FÉRIAS?


O Jardim Assombrado não foi de férias, muito pelo contrário: sucumbiu a uma avalanche de trabalho que fez os livros acumularem-se numa pilha rival à da roupa para passar a ferro, havendo agora que desbastar uma e outra. Começo por uma das novidades da Kalandraka, Gatinho e as Férias, o terceiro título da série iniciada com Gatinho e a Neve e Gatinho e a Bola. Não é muito fácil encontrar obras adequadas a pré-leitores (a partir dos 3/4 anos, diria) em que a aparente simplicidade é o resultado de um trabalho invisível que implica muita reflexão, bom senso e profundidade psicológica; um pouco como a indispensável colecção do Sapo, do holandês Max Velthuijs (1923-2005).

Partindo de situações familiares à vida interior das crianças, sempre realçando os tempos livres e as brincadeiras (sem i-pads nem consolas), faz-se aqui uma subtil apologia da oportunidade de aprender com situações inesperadas e mesmo geradoras de ansiedade. Neste caso, é a aproximação das férias a dar o mote: o que fazer com esses dias que interrompem a segurança das rotinas, seja ela falsa ou verdadeira? Um dos amigos do Gatinho não vai de férias porque o pai tem de trabalhar; outros vão sozinhos para casa da avó, na aldeia; outro passa metade das férias com o pai e outra metade com a mãe... Circunstâncias sociais comuns na vidas dos miúdos de hoje. Algum vocabulário pode ser desconhecido («espesso», «caldeira», «lomba», de O Gatinho e a Neve), mas guarda a oportunidade de aprender palavras novas com a ajuda das imagens e dessa força agregadora que preside às ligações parentais. Estes são livros ideais para leituras partilhadas entre adultos e crianças pré-leitoras, em que a figura nutritiva da mãe sobressai com o tal «bom senso» supracitado. Mais informação sobre o livro e os autores na página da Kalandraka, aqui.

Gatinho e as Férias
Joel Franz Rosell (texto)
Constance v Kitzing (ilustração)
Kalandraka

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