quinta-feira, 29 de outubro de 2015

SE A MINHA CASA VOASSE


«Um dia a casa foi-se embora. Simplesmente ergueu-se do chão e levantou voo.» Ao começar a ler o novo livro de Davide Cali para a Bruaá, lembrei-me de um outro autor da francofonia, o grande Enki Bilal (nascido em Belgrado, ex-Jugoslávia) e da história surreal de O Cruzeiro dos Esquecidos, de 1975. Podem avivar a memória aqui. Ilustrado por Catarina Sobral, com um impecável trabalho de composição, sugestão de movimento e uso simbólico da cor, A Casa que Voou conduz-nos (é a palavra) para a dimensão das descobertas improváveis: as que guardamos sem saber. Da antepenúltima página: «No ar pairava o perfume das figueiras e o cheiro a lenha queimada. O homem já se tinha esquecido de como gostava destes cheiros.» Deixemos o final em suspenso, tal como esta casa que procura o seu lugar.

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