quarta-feira, 21 de outubro de 2015

VENTRÍCULOS


O título do post anterior, como terão reconhecido, foi roubado ao poema de Alice Gomes (1946) que tanto me impressionou pela sua sensibilidade magoada. No início dos anos 80, a única loja em Lisboa que vendia posters era a Altamira. Vieram de lá os dos Rolling Stones e outros que forraram as paredes do quarto, durante a adolescência. Este é mais antigo e não esconde as mazelas do tempo, embora o seu núcleo se mantenha intacto. Lembro-me de o ler em voz alta, muitas vezes, até o saber de cor. A parte que eu mais estranhava era a que dizia que «os corações têm duas aurículas e dois ventrículos», porque embora não fizesse sentido algum, só conseguia pensar num senhor a falar sem mexer a boca, como os que apareciam nos programas de variedades de sábado à tarde.

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