sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

FAMÍLIAS FORA DA CAIXA



(...) No Dicionário de Lugares Imaginários, Alberto Manguel nota que «a organização social dos Mumins centra-se em torno da família e não existem instituições governamentais formais.» Perturbada pela Segunda Guerra Mundial, em que a Finlândia tomou parte ativa, acabando do lado dos perdedores, Tove Jansson inspirou-se na sua própria família e no círculo de amigos, refletindo valores pessoais e também identitários da sociedade finlandesa. Tolerância, respeito pelo indivíduo, união familiar e cortesia enformam todas as histórias dos Mumins, editadas entre 1945 e 1970 e traduzidas em mais de 30 línguas. Em 1966, Jansson recebeu o Prémio Hans Christian Andersen pelo conjunto da sua obra literária, também extensiva ao público adulto. 

Publicados pela Caminho no início da década de 1990, com tradução de Mafalda Eliseu (agora revista), os dois volumes reeditados pela Relógio d’Água há muito que faziam falta nas livrarias. Por ordem cronológica, A Família dos Mumins é o terceiro título da série, originalmente publicado em 1948 (O Cometa na Terra dos Mumins é de 1946). A opção explica-se facilmente: foi o primeiro a ser traduzido para inglês, com grande êxito, trazendo visibilidade a uma obra demasiado universal para ficar restringida às fronteiras nórdicas. 

(in LER nº 140, secção «Leituras Miúdas»)

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