terça-feira, 4 de maio de 2010

A LITERATURA INFANTIL NUA, OCIOSA E VOADORA

“Não os deixeis ler, em vez dos clássicos, as desgraças disseminadas por todo o lado, num tempo em que a própria literatura infantil, que outrora apelava à responsabilidade e ao bom sentimento, está agora repleta de criaturas ociosas, mulheres quase nuas, homens que voam e de todo um cortejo patético de inverosimilhanças.”

Não, não é um excerto do Thesouro das Meninas, Diálogo entre uma Sábia Aia e as suas Discípulas de 1ª Distinção, publicado em 1760 por Mme. Leprince de Beaumont. Este livro existe no ano da graça de 2010, com a chancela de uma editora conhecida. Não, não estão a gozar. Mais pérolas do género no blogue da Pó dos Livros.

2 comentários:

Anónimo disse...

Carla, a teu convite fui admirar as ditas pérolas ao blogue da Pó dos Livros e vim de lá a chorar: primeiramente de riso, depois de angústia e, finalmente, de raiva canina. O anacronismo da coisa é de tal forma assustador que até o Edmundo de Amicis deve estar a dar voltas na tumba. Das duas (nenh)uma: ou a Fronteira do Caos (assenta que nem um luva), através de técnicas avançadas de mumificação, mantém um consultor editorial do século XVII nas suas instalações ou então cuidado, muito cuidado, porque os abomináveis Césares das Neves andam a multiplicar-se.

Carla Maia de Almeida disse...

Pelo que percebi dos comentários, o livro é de 1800 e troca-o-passo. Não imagino o que se possa dizer em prefácio, se é que o há, para justificar a reedição destas alarvidades morais. A hipótese da mumificação parece-me boa. Eu conheço uma drogaria onde vendem óptimas ligaduras e cola de farinha.