terça-feira, 24 de novembro de 2015

LAURIE


Fui ver o documentário da Laurie Anderson ao CCB, «Heart of a Dog». Minutos antes da sessão, vi-a passear nos corredores, absorta no seu mundo, com aquele ar de duende maroto, sem peso nem idade. Pensei falar-lhe, mas senti-me tímida e fui por outro lado. Depois esbarrei com ela, assim mesmo, voici, voilà, como na canção da serpente com pernas que vivia numa ilha («Yes. That’s true. A snake with legs.»). Olhámo-nos, sorrimos. Disse-lhe «I love you» e dei-lhe um beijo. Ela retribuiu. «That's so nice to hear that.» Seguiu adiante e eu fui à procura do meu lugar na plateia. Durante o filme, fiz festas à serpente que se enrolou aos meus pés, como um gato pequeno, e no regresso a casa avistei a ilha no meio do rio Tejo, pairando sob as luzes da ponte. Voici, voilà. «Voici le langage de l'amour.»

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