Esta proposta de lei pretensamente defensora
do bem estar dos animais não é apenas má por ser cega, confusa e redutora. É má
na sua essência, no seu núcleo moral, na sua rasura da humanidade. Primeiro,
porque significa uma ingerência do Estado na intimidade das pessoas. Segundo,
porque não penaliza os verdadeiros criminosos que maltratam e abandonam.
Terceiro, porque facilita o regime de vigilância e denúncia do vizinho, gerando
ainda mais «mal estar social», como um ouvinte referiu há pouco no Fórum da
TSF. Toda a gente tem o direito de dormir sem cães a ladrarem a meio da noite?
Com certeza. Mas não é assim que se resolve um problema complexo. Antes de
mais, é preciso pensar, ouvir, voltar a pensar, ouvir mais, ponderar, e só
depois decidir. Mas este governo recusa-se a pensar. Tudo isto fez-me lembrar
esse extraordinário filme sobre Hannah Arendt e a sua reflexão filosófica sobre a
banalidade do mal. Transformando os animais em coisas descartáveis,
retira-se-lhes o direito à vida. Limitando as pessoas na sua bondade e solidariedade, retira-se-lhes o direito a serem humanas. E assim regride a civilização.
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